Porque os Rolezinhos preocupam…

Surgiu ultimamente no Brasil uma nova modalidade de manifestação da juventude: os temidos Rolezinhos. Jovens das periferias das grandes cidades, usando as redes sociais, marcam encontros nos shopping. Embalados pela batidão do funk ostentação, dançam, cantam, correm, tiram fotos, conhecem outras pessoas; zoam… como dizem.
Tudo seria simples assim, se os proprietários das lojas dos shoppings reagissem à realização dos Rolezinhos, fechando suas portas, exigindo das autoridades punição e prisão de quem organizar e participar desse tipo de manifestação. Por que tanta preocupação e truculência? Será que se teme que os Rolezinhos se transformem naquilo que foram as manifestações de junho de 2013?
Os Rolezinhos, acredito, apresentam três dimensões: cultural, social e política.
Cultural porque envolve música e coreografia, a irreverência própria da juventude. Social, são jovens que vivem na periferia, geralmente de cor negra, que ascenderam para atual classe C e querem também serem vistos, desfrutar dos ambientes mais ricos, do crescimento econômico do país, querem participar. O crescente apelo ao consumismo através da propaganda gerou os Rolezinhos. Veja as letras das músicas do Funk Ostentação e como agora se apresentam vestidos os novos MCs. Política, as manifestações de junho ainda ecoam na memória da juventude, de como foram organizadas sem a participação das elites políticas. Os Rolezinhos quando zoam no Shoppings, zoam de fato do shopping e de tudo o que eles representam. Os jovens da periferia estão gritando que o modelo econômico capitalista é desigual e excludente, e que eles estão prontos para mudar esse situação. A juventude dos Rolezinhos está insatisfeita com a atuação dos políticos, que fazem tudo para salvar a economia, ainda que seja cortar investimentos na áreas de educação, cultura, educação, cujas deficiências atinge diretamente os mais pobres.
Penso que a classe política deve estar monitorando esse novo fenômeno social brasileiro. Porém, proibir que esse esses jovens dos Rolezinhos se encontrem nos Shopinhgs, cheira preconceito de classe e de cor. Até porque a juventude sempre se concentrou nos shoppings, organizados em suas tribos, de ontem e de hoje. Os Rolezinhos parecem estar no limite entre o direito de ir e vir e a pertubação da ordem, como dizem os especialistas. Porém, não se devem criminalizar o movimento, como se fez em junho, sob o risco de se politizar a questão.

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