Em defesa do funk ostentação

EM UMA SOCIEDADE CHEIA DE "JENIOS", O PRECONCEITO CONTRA TUDO O QUE É DIFERENTE E CHAMATIVO AINDA REINA. VIVA A REAL LIBERDADE DE EXPRESSÃO!

  Gustavo Jesus é um dos líderes da Ajifer-Aliança da Juventude Independente de Fernandópolis

Em alguns momentos a gente ouve por aí que vivemos em um país com liberdade de expressão e de pensamento.

De fato, temos essa liberdade, até que apareça alguém que seja contrário a nossa ideia. Os neandertais que andam por aí, geralmente não conseguem respeitar opiniões alheia, tentando de alguma forma enfiar por goela abaixo suas convicções baseadas no achismo e no pensamento reacionário dominante. E tirando o reacionário, me incluo em todo o raciocínio acima.

Todo o lengalenga do primeiro parágrafo serve como introdução para falar do preconceito que tem se visto nos últimos tempos com o gosto musical do semelhante. O alvo dessa vez tem sido o funk ostentação, estilo que tem conquistado boa parte das periferias do país.

Particularmente acho o tal ritmo uma grande porcaria, baseado na questão letra e musicalidade mesmo. Não troco um bom riff de guitarra por uma batida feita com a boca. Agora pela questão estilo, que no caso é falar sobre correntes de ouro, hornets e mulheres ridiculamente bonitas, isso sinceramente não me incomoda nenhum pouco. A vestimenta extravagante então, muito menos.

E é na tal vestimenta que geralmente mora o preconceito dos que não gostam do funk ostentação. Encontramos por aí críticas vorazes contra os funkeiros ostentantes pelo simples fato deles usarem correntes enormes, bonés de aba reta, roupas largas e tênis caros. E a grande questão é, o que há demais nisso? Se o cara gosta da música e segue um estilo, que raios nego tem que ficar criticando?

Todo ritmo musical tem suas particularidades, e se elas são legais ou não, depende dos olhos de quem vê e do ouvido de quem ouve. O mano que “ostenta” por aí, está na mesma linha do sertanejo que sai com um cinto que tem a fivela do tamanho de um prato, com botina de couro e que usa camisa para dentro da calça apertada e boné; que o rockeiro que só sai de preto, com sombra nos olhos, coturno e cabelo cumprido e assim por diante.

Cada ser tem suas particularidades, alguns chegam a ter excentricidades, e é isso que faz a coisa toda funcionar. Produção cultural é produção cultural e por mais que você queira lutar contra isso, funk ostentação é cultura. Cultura que nos joga na cara a sociedade consumista e desigual que somos. Consumista porque nos bombardeia com propagandas que vendem qualquer bugiganga como essencial para a vida e desigual porque priva grande parte da população desses bens. E é somente disso que nosso réu fala por aí.

Situação semelhante com a MPB que nos anos 60 e 70 cantava desejos de liberdade, com o sertanejo que canta a vontade de estar numa balada cheia de mulheres e com o rock que canta a tristeza de um amor perdido. Todos esses exemplos expõem na música aquilo que objetivam para as suas vidas, e se o cara quer mesmo usar uma corrente “de ouro” que lhe trará problemas na coluna futuramente de tão grande que é, problema é dele. É só seguirmos nossas vidas, sem preconceito, aceitando o diferente e lembrando que nem Jesus, (ou seja, nem eu) agradou, (ei) a todos.

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