Paulo Castilho afirma que confusão entre torcedores de Palmeiras e Corinthians
foram "previstas" e sugere que ingressos sejam dados para torcedores "de bem"

Depois de confrontos entre torcedores de Palmeiras e Corinthians e a polícia, no clássico de domingo, o promotor Paulo Castilho, do Ministério Público de São Paulo, defendeu a necessidade de medidas contra as torcidas organizadas. De acordo com o procurador, "99,9%" dos casos de violência em partidas de futebol envolvem essas entidades.
Castilho ainda comparou as organizadas a "organizações criminosas" e afirmou que, embora invidualmente os torcedores tenham uma vida normal, quando se reúnem, acabam criando problemas.
- Eu me dedico ao tema há 10 anos e, modéstia à parte, posso falar que conheço a violência no futebol e as torcidas organizadas, por já ter transitado por todos esses segmentos. Posso afirmar, com toda a certeza, que 99,9% de toda a violência no futebol parte da torcida organizada. Infelizmente, talvez eu tenha demorado a chegar a essa conclusão. Tentei todas as medidas alternativas, de inclusão social. Esses jovens individualmente trabalham, estudam e têm família. Mas é um fenômeno que eu não sei explicar. Quando eles estão juntos, eles se transformam e se equiparam a uma verdadeira organização criminosa, levando o terror, o medo, tirando vidas e agredindo - afirmou o promotor, em participação no "Arena SporTV"
Paulo Castilho afirmou ainda que o pedido para fazer o clássico com apenas a torcida do Palmeiras tinha apenas o objetivo de proteger os torcedores. O promotor defendeu ainda que os ingressos para visitantes não sejam distribuídos nas organizadas.
- Eu e o amigo Roberto Senise já tínhamos previsto que ia ocorrer confusão, que ia colocar em risco a saúde e segurança do torcedor. O Ministério Público, enquanto promotor de justiça, defende o interesse da sociedade, visando proteger a saúde e a segurança do torcedor. Não temos interesse político, financeiro, nem clubístico. Infelizmente as pessoas põem a paixão acima disso, para defender o interesse do clube. Não precisamos falar em jogo de torcida única. Precisamos melhorar o ambiente do futebol, retirando torcida organizada do espaço de visitante. Ontem, se olhar as fotos da torcida visitante, é só torcida organizada, que depois brigou entre si dentro do estádio. Foram escoltados no elevado, causando todo tipo de transtorno para a população, para a torcida de bem. Vamos pegar ingresso e passar para o sócio torcedor, vamos levar para dentro do espaço o torcedor saudável, que não brigue, não crie confusão e não necessite de escolta policial.
Paulo Castilho acredita que, com a nova confusão, a Federação Paulista, o Ministério Público, as polícias militar e civil, além dos clubes, precisam se reunir para discutir novamente como evitar novos episódios de violência.
- Os dirigentes são muito importantes, lideram uma grande massa de seus torcedores, principalmente os mais aficcionados. Nós temos que analisar com calma os fatos e ver que atitudes vamos tomar daqui para a frente. Temos que nos reunir com a entidade organizadora, com os representantes dos clubes, com todas as autoridades, para chegar a um denominador comum e achar uma saída para que isso não ocorra mais. Se o remédio for amargo, precisamos tomar essa medida. Não podemos ter outro interesse que não seja a vida e a saúde do torcedor.

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