Ostentação faz funk de São Paulo superar o carioca, diz DJ Marlboro

Ao cantar o consumo e o orgulho de possuir bens e marcas importadas, o funk ostentação, criado em São Paulo, lidera a cena do gênero, na opinião do DJ Marlboro, pioneiro da cena carioca.
"Finalmente, viram que o proibidão era uma merda, que prejudicou a imagem do funk", diz. "O Rio não abriu o olho e São Paulo agora está dominando", afirma o empresário, para quem a fase sobre consumo também deve passar em breve.
Em duas décadas, a temática do funk mudou bastante. Primeiro, em 1990, a sensação era ingenuidade de "Feira de Acari", sucesso do MC Batata e primeiro funk a tocar em uma novela global, a "Barriga de Aluguel".
Depois, em 1992, veio o "parapapapa" representando o som de tiros no "Rap das Armas". O proibidão, composto pelos MCs Júnior e Leonardo, fez sucesso internacional em 2007 na trilha de "Tropa de Elite".
As letras da vertente putaria, que Tati Quebra Barraco inaugurou nos anos 2000, não são mais a bola da vez.
A força de São Paulo na nova cena, para Marlboro, vem de tradição no rap, há anos popular na periferia. A temática baseada em exibir produtos caros e mostrar que está com a vida ganha se alimenta da imagem de ídolos do hip-hop dos EUA como Jay-Z.
Para o pesquisador carioca Julio Ludemir, autor do livro "101 Funks que Você Tem que Ouvir Antes de Morrer", a onda da ostentação, para além de representar os desejos da nova classe C, pode ser uma forma de resistência.
"Assim fica mais difícil estigmatizar o funk. Qual o mal de um moleque querer ter um Rolex ou um carro importado e beber Red Bull? Falando de violência e putaria, fica mais fácil proibir um baile", diz Ludemir.
"É uma música que alegra em vez de contar uma história triste", afirma MC Danado, um dos principais nomes da ostentação e autor do hit "Top do Momento".
A canção, na qual o funkeiro diz ser o "rei da balada como o Pelé era rei do futebol", é uma das três paulistas que aparecem em "101 Funks...".
Danado não sai mais de casa para shows por cachê de menos de R$ 10 mil em média e, por semana, o número de apresentações pode chegar a 18. Na agenda dos próximos meses, há datas marcadas para Espanha, Portugal, Paraguai e Uruguai.
Além disso, tem uma produtora na zona leste que gerencia 13 artistas do estilo. "Queremos ser para São Paulo o que a [equipe e gravadora] Furacão 2000 é para o Rio", diz, em referência à empresa de Rômulo Costa, precursor no mercado carioca.

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