No último mês, a primeira coisa que a pernambucana Maria Valdeci dos
Santos, de 70 anos, faz depois que acorda é ver se tem água nas
torneiras. Antes de tomar café, enche três baldes e todo o tanque de
lavar roupa com água, para enfrentar as tardes e noites sem
abastecimento. O bairro onde ela mora, o Von Zuben, na periferia de
Vinhedo, interior de São Paulo, enfrenta racionamento desde dezembro.
— Todo final de tarde tem faltado água por aqui e quem não tem caixa
dágua em casa tem de se virar do jeito que pode para conseguir tomar
banho, lavar uma louça e as roupas.
Em Vinhedo, na região de Campinas, uma das mais afetadas do Estado, a
autarquia municipal de abastecimento realiza desde dezembro o "rodízio
por demanda" de água. Por meio de um sistema de monitoramento, quando é
notada a falta de água em uma região, é interrompido o fornecimento em
outras áreas que estavam com o abastecimento normal para a atender o
local com problema.
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Para o superintendente do órgão, José Francisco Beltramini, o quadro de falta de abastecimento pode ficar pior.
— Se continuar sem chuvas nos próximos 20 dias, a situação vai complicar na cidade.
Além da água captada no Rio Capivari ter diminuído, as três represas
locais estão pela metade. A falta de água tem afetado muito a vida de
Billy Douglas Silva, de 29 anos.
— Eu tenho mulher operada, um recém-nascido e mais duas crianças e tem faltado água todo dia.
Ele mora no bairro Capela, área alta e densamente habitada onde mais
tem faltado água, e anda mais de oito quilômetros de carro para buscar
água no Aquários, uma fonte de água tratada pública da cidade.
— Chego a fazer isso quatro vezes no dia.
Além de Vinhedo, Valinhos já realiza rodízio. Americana, Artur
Nogueira, Jaguariúna e Pedreira também trabalham com a possibilidade de
racionamento nos próximos dias.
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