“O nosso maior desafio é trazer a nossa identidade para o Rap e o Hip Hop Crioulo” - Hélio Batalha

Pela primeira vez no festival de Santa Maria, o artista de hip hop e rap crioulo, Hélio Batalha, conversou em exclusivo com o 'Expresso das Ilhas' sobre o momento extraordinário que vive na sua carreira, depois de assinar contrato com uma das maiores produtoras de Cabo Verde, a Harmonia.
Chegou de mansinho na senda da música da nova geração cabo-verdiana e rapidamente conquistou o seu lugar de destaque e deixou a sua marca no Hip Hop Crioulo. Mas o sucesso não é surpresa, garante.
“Não foi surpresa porque sempre trabalhei duro, com metas, com objectivos e, quando é assim, é preciso manter a moral em alta e o pensamento positivo que o trabalho será reconhecido. É por isso que hoje conseguimos ver os nossos sonhos a serem realizados, um a um, pouco a pouco. Com os pés fincados no chão, mas sem nunca dar espaço ao desanimo, porque enquanto algumas portas se fecham, outras se abrem e os sonhos continuam vivos. O importante é nunca parar de caminhar”.
O esforço e trabalho de Hélio Batalha foram decentemente reconhecidos pela Harmonia, a mesma produtora que levou Cesária Évora aos mais conceituados palcos mundiais. Macau, Estados Unidos e diversos países da Europa são alguns dos lugares aos quais já teve oportunidade de levar as suas ‘rimas, amor, arte e poesia.
“Hoje tenho um suporte maior logo a responsabilidade também é grande para fazer disso uma mais valia e trabalhar para que o produto seja cada vez melhor”.
O tema ‘Final Feliz’, com Élida Almeida, o seu mais recente trabalho, tem tido uma aceitação enorme do público.
Mas o artista sabe que ainda tem muito trabalho pela frente e, para ele, sucesso é sinónimo de trabalho e vontade de fazer muito mais, pisar palcos novos e alcançar patamares ainda mais elevados na sua carreira.
De olhos postos no continente africano e nos festivais internacionais de rap e hip hop, Hélio Batalha já está a trabalhar no novo álbum que, garante, traz muitas surpresas e parcerias inéditas a serem conhecidas já no final deste ano ou início do próximo.
Para Batalha, o maior desafio que tem pela frente, juntamente com os seus colegas do mesmo género musical, é trazer a cabo-verdianidade para o rap e abraçar a identidade e musicalidade crioula, de forma a mostrar que há também espaço para Cabo Verde no rap e no hip hop.
“O hip hop é um movimento universal, por isso temos de ser capazes de o tornar cada vez mais inédito, cada vez mais nosso. Hoje o nosso grande desafio é tornar o nosso rap mais cabo-verdiano. Misturar com a morna, com a coladeira, juntar uma gaita ou um cavaquinho e isso é o que suscita o interesse e chama a atenção”.
“Os promotores têm muita dificuldade em propor a nossa música em grandes palcos de festivais lá fora porque, às vezes, falta a identidade. Esse é o maior desafio para mim e para os meus colegas e é um trabalho que já está a ser feito por muitos de nós”, garante.
Santa Maria não ficou imune à vibe de Batalha, cantou de cor boa parte das composições e o artista não escondeu a satisfação pela forma como foi recebido no palco do festival.
“Tive a oportunidade de sentir essa vibração no ano passado, no Festival de Pedra de Lume, onde quase não foi preciso cantar porque eles sabiam todas as músicas mas esta é a primeira vez aqui e foi simplesmente espectacular. Agradeço imenso ao Sal e a Santa Maria essa recepção calorosa e que continuem a apoiar o hip hop crioulo, porque todos temos a ganhar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário